segunda-feira, 21 de maio de 2012

O Artista é maior que Deus

   


Como é bom escrever ao apelo incerto do que nos faz sinais. Como é fascinante escrever para saber o que é. Indeciso apelo, motivo que o não é, até se saber o que é. Trazê-lo à vida da sua nebulosa, captá-la na errância de uma inquieta procura. Obedecer ao impulso que sobe em nós em energia e movimentação, na necessidade de o realizar e ele coalhar em escrita, no irreal da sua realização. Estremecer ao aviso, persegui-lo até onde não sabemos o seu tudo, depois da surpresa do que lá estava. 











Escrever é não saber para saber. Mas o que se sabe é frágil e há que procurá-lo até à eternidade. 
Porque o que se encontra é ainda a procura, o além de todo o aquém. 
E é porque nunca se encontra, que a arte continua.
 Assim o artista é maior do que Deus.
 Porque ele já tinha criado, antes de criar, e assim não teve surpresas. 
E quem escreve só no infinito realiza a sua criação e só aí as não terá.  


Vergilio Ferreira

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